Embarque comigo nesta pequena viagem às tipologias de vinho. É conhecimento comum que vinho tinto será para acompanhar carne, e o vinho branco será mais indicado para o peixe. Mas fora isso, existe uma panóplia de subcategorias dentro de cada estilo de vinho, que o tornam mais indicado para os mais diferenciados contextos. Da próxima vez que estiver sentado à mesa com amigos ou familia, já terá um pouco mais a dizer sobre vinhos, talvez até sendo o connoisseur do grupo.
Como os brancos, são divididos em leves, médio e encorpados
Tintos leves – Costumam ter aromas frutados, pouca ou nenhuma madeira e a acidez tende a ser mais presente, enquanto os taninos são discretos. São versáteis à mesa, acompanhando bem frios, queijos não curados e carnes leves como a vitela.
Exemplo: Beaujolais feitos com a uva Gamay e os Pinot Noir mais simples sem passagem por madeira
Tintos médios – Apresentam muitas opções. E não se engane: apesar da estrutura semelhante, cada vinho traz características próprias. Contam normalmente com passagem breve por carvalho, que, além dos aromas, também traz taninos mais presentes. Por não serem muito robustos, conseguem harmonizar com diversos pratos, principalmente carnes vermelhas, cogumelos e massas com molhos vermelhos.
Exemplo: Vinhos do Novo Mundo à base de Cabernet Sauvignon e Merlot, incluindo os brasileiros
Tintos encorpados – Aqui, encontramos vinhos com boa dose de madeira, grande potencial de envelhecimento e taninos mais presentes e aveludados. São vinhos que pedem pratos mais substanciosos, ricos em proteínas e gorduras. Nesta categoria temos muitos dos grandes vinhos do mundo.
Exemplo: Bordeaux Cru Classé e Châteauneuf-du-Pape, França
Brancos leves – Têm a acidez como principal característica, é ela que traz o frescor típico deste estilo. Os aromas de frutas cítricas e o baixo teor alcoólico completam o pacote. São ótimos para acompanhar aperitivos ou pratos frios como saladas e frutos do mar.
Exemplos: Vinho Verde, Portugal
Brancos médios – Podem passar por breve contato com o carvalho o que acaba contribuindo para a maior complexidade aromática e a estrutura de forma geral.
Exemplos: Chardonnay – Com pouca ou sem madeira, vinhos que trazem maior volume à boca
Brancos encorpados – Costumam ser mais complexos, com boa presença de carvalho e boa untuosidade, ficam até com um maravilhoso aspecto amanteigado. São vinhos que merecem a companhia de peixes e frutos do mar mais carnudos e preparações mais substanciosas. Também acompanham bem massas com molho branco.
Exemplo: Bordeaux
Rosés leves – Têm coloração que varia de cereja claro a salmão. São vinhos refrescantes e versáteis, que podem ser servidos sozinhos ou acompanhando uma grande variedade de pratos de verão.
Exemplos: Os grandes rosés da Provença são o expoente máximo do estilo.
Rosés encorpados – Apresentam cores intensas, maior peso e teor alcoólico. Estes vinhos combinam com carnes brancas, vegetais grelhados ou cozidos e ervas aromáticas.
Exemplos: Os rosés da Espanha e Portugal costumam ter esta pegada mais encorpada e são excelentes
Asti – O gás existente nestes vinhos é resultado direto da fermentação das uvas. São vinhos simples, frescos e aromáticos.
Exemplo: Espumantes de Moscatel
Charmat – Ao contrário do Asti ocorrem duas fermentações, ambas em tanques de aço inox. A primeira – chamada de fermentação alcóolica – é responsável por criar o vinho em si, a segunda – fermentação carbônica – forma as bolinhas características. O resultado é um espumante mais complexo e com mais estrutura em relação à categoria Asti, cheio de fruta e leveza.
Exemplo: Proseccos italianos
Tradicional ou Champenoise – Criado em Champagne e responsável por estes grandes vinhos. O processo é parecido com o Charmat, porém a segunda fermentação é feita direto nas garrafas. Como o ambiente é muito – mas muito – menor do que os grandes tanques de aço inox, os aromas provenientes da fermentação são mais presentes. Além disso, este método é bem mais longo, com durações que chegam a anos, com isso o espumante é mais encorpado e ganha aromas como frutas secas e pão.
Exemplo: Champagne
Aqui há vários estilos: em todos eles, o açúcar que caracteriza o vinho é residual da uva – nunca adicionado!
Late harvest, ou Colheita tardia – São vinhos produzidos a partir de uvas sobremaduras, muito ricas em açúcares. O “ponto” de colheita é muito importante, pois se não houver acidez para balancear o açúcar, o vinho pode ficar enjoativo
Vinhos desta categoria, especialmente do Novo Mundo, trazem escritos nos rótulos o termo "Colheita tardia" ou "Late Harvest".
Exemplo: Há diversos produtores no mundo com destaque para o Chile que tem excelentes rótulos principalmente feitos com a uva Riesling.
Botrytizados – Produzidos a partir de uvas sobremaduras que, em virtude de condições climáticas especiais (como manhãs úmidas e tardes secas e quentes) desenvolvem um fungo nos cachos de uvas. O fungo Botrytis faz micro furinhos na casca da uva, evaporando parte da água e concentrando os açúcares nas uvas com um detalhe, mantendo a acidez e desenvolvendo aromas únicos.
Exemplo: Sauternes, da região de Bordeaux que traz as condições perfeitas para este estilo
Vinhos fortificados – São os exemplares cuja fermentação foi interrompida antes de seu término pela adição de aguardente vínica. Com a elevação do teor alcoólico, as leveduras param de agir, deixando doçura no vinho.
Exemplo: O mais tradicional é o Vinho do Porto
Passificados – São produzidos a partir de uvas maduras que, após colhidas, foram colocadas para secar, como forma a concentrar seus açúcares. A diferença para o Colheita tardia está aí, enquanto os também chamados Late Harvest são sobrepassados no vinhedo, aqui as uvas são colhidas e passificadas depois.
Este método é especialmente utilizado em vinhos italianos conhecidos como Passito.
Exemplo: Vin Santo, Itália
Para concluir, esperamos que esta listagem tenha sido útil. É bom perceber mais acerca de algo tão intrínseco à nossa cultura portuguesa. Para que saibamos o que bebemos e o porquê. Um brinde!